
Em Niterói, temos visto que os números de contaminação por COVID-19 pouco caíram ou aumentaram consideravelmente em bairros populosos e relevantes na distribuição de escolas, como é o caso dos 5 bairros que, sozinhos, concentram mais da metade das escolas de cidade.
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A volta às aulas presenciais não é uma questão importante apenas para pais, alunos e profissionais de Educação. Em um momento de pandemia, ela pode ter consequências para toda a sociedade. Embora, de forma geral, as crianças não pertençam ao grupo de risco da COVID-19, há o risco de tornarem-se vetores silenciosos da doença, na medida em que podem ser contaminadas e transmitir o coronavírus sem manifestar sintomas. Um estudo recente da universidade de Harvard apontou que elas apresentam maior carga viral do que pessoas de outras faixas etárias. Além disso, a volta às aulas não implica apenas em risco para o ambiente escolar, mas para usuários de transporte público e para todas as pessoas que direta ou indiretamente podem passar a ter contato com o coronavírus.
Portanto, o controle da pandemia requer um cuidado redobrado com nossas crianças. O ambiente escolar é, por natureza, um espaço de aglomeração e socialização. É um local privilegiado para o dispersão de doenças infecto contagiosas como a COVID-19, principalmente pelo fato de crianças – sobretudo as mais novas – terem dificuldade de adotar hábitos de distanciamento e higiene. A volta às aulas presenciais com segurança para mais de 100 mil estudantes devem portanto ser precedidas de cuidados sanitários extremos. Contudo, a sanitização, controle de temperatura e álcool em gel, não serão suficientes para garantir um retorno com segurança se a decisão for tomada de forma precoce de acordo com a situação local da doença. É, portanto, necessário reforçar a importância de critérios científicos para a tomada de decisões políticas neste momento.