Flavio Serafini

Nº21 – Isolamento social reduz ritmo de contaminação

Estudo na renomada revista científica Nature, estimando o efeito das medidas governamentais não farmacêuticas contra a COVID-19 a partir da análise de 11 países da Europa que somam uma população total de 375 milhões e tiveram 128.928 mortes relacionadas à COVID-19 relatadas até 4 de maio de 2020, evidencia que o lockdown (distanciamento social radical) é a medida mais efetiva para frear a propagação do corona vírus.

Analisando 5 intervenções não farmacêuticas – auto isolamento, fechamento de escolas, encorajamento do isolamento social, proibição de eventos públicos e o lockdown – os pesquisadores concluíram que o lockdown é significativamente mais efetivo do que as outras formas de intervenção. Como se vê no gráfico 2, o ritmo de diminuição do contágio entre as outras 4 medidas é parecido e não resulta em efeito superior a 25%. Já o lockdown, ultrapassa os 75% – mesmo nos casos de sua adoção mais tardia.

O gráfico mostrando as curvas de hospitalizações em Niterói pode apontar para um efeito positivo do isolamento mais rígido no município. A cidade antecipou medidas sanitárias e implementou um lockdown. Contudo, ele foi flexibilizado em apenas 10 dias e hoje, após dois meses do início da flexibilização, temos 81 pessoas hospitalizadas. É muito provável que a precipitação na reabertura fez com que muitas mortes deixassem de ser evitadas. Se a cidade mantivesse por mais alguns dias o regime de isolamento mais rígido, poderíamos ter reduzido significativamente a taxa de contágio do vírus. Infelizmente, a pressão do poder econômico falou mais alto que a ciência em Niterói. O estudo publicado na revista Nature, demonstra que os países que realizaram o lockdown de maneira efetiva por cerca de um mês puderam reabrir a economia mais cedo e evitaram milhares de mortes.